Em 2019, o então vereador Sargento Elton procurou o deputado estadual Coronel Sandro para garantir que Divinópolis entrasse na lista dos municípios contemplados pelas escolas cívico-militares. Posteriormente, a Secretaria Municipal de Educação divulgou que as escolas do município não atendiam aos requisitos do programa, e por isso, Divinópolis não pôde receber as escolas. Os requisitos variavam desde número de alunos atendidos por turno até questões que nos excluíam de forma relativamente óbvia: o projeto contemplava apenas cidades da capital do estado ou da região metropolitana. Divinópolis, como sabemos, se localiza na região Centro Oeste.
Apesar de todos esses requisitos que nos impossibilitariam de sermos atendidos pelo projeto, parte da população ficou com um sentimento de expectativa frustrada. Por isso, vale analisarmos alguns dados e checarmos juntos: essas escolas seriam mesmo uma solução para nossos problemas?
Com frequência, as escolas militares são vendidas como modelo de sucesso, quase uma panaceia (remédio que cura todos os males, segundo a mitologia) para nossa – em geral, mal das pernas – educação pública.
Infelizmente, sabemos que panaceias não existem, e disciplina militar, adolescentes que não pintam o cabelo ou meninas sem brincos não são fatores determinantes para o sucesso acadêmico dos nossos alunos. Os diferenciais são outros, começando por um bem específico: a situação socioeconômica dos alunos. Estudantes de escolas militares estão, majoritariamente, nos 3 níveis socioeconômicos mais altos da pirâmide brasileira, que considera sete níveis. Estamos falando de crianças e adolescentes que não precisam trabalhar para ajudar os pais a pagarem contas, por exemplo. Alunos nessas condições se saem melhor independente da rede em que estejam inseridos: militar, estadual comum ou rede privada. O acesso também é uma questão excludente: um “vestibulinho” seleciona os melhores estudantes, processo que não existe nas demais escolas públicas.
Para fechar, sabemos que o custo anual por aluno nas escolas militares é 19 mil reais, enquanto o valor médio individual no ensino básico regular é de 6 mil. Obviamente, dada a superioridade do valor, o aluno da escola militar seguramente se sairá melhor em exames como o ENEM. Além disso, outro dado precisa ser avaliado: o custo por aluno nas escolas federais, que gira em torno de 15 mil.
Divinópolis possui uma escola federal, o CEFET. Esse ano, como em diversos outros, o CEFET Divinópolis obteve a maior média da cidade no ENEM. Sendo assim, faz muito mais sentido investir e ampliar um modelo que já possuímos e que já funciona bem.
Infelizmente, Bolsonaro e seus apoiadores costumam pensar que o problema da educação pública se resume a bater continência, cantar os hinos e adorar a bandeira. Soluções fáceis são agradáveis na hora de ouvir, mas na prática, de pouco servem. Se quisermos mesmo corrigir problemas históricos da nossa educação pública (como o baixíssimo IDEB nos anos finais do Ensino Fundamental), Divinópolis precisa de mais do que bravatas.
Mas infelizmente o estado ele é complicado. Na questão da infra-estrutura Principalmente na questão escolar e saúde .Fala muito que não tem dinheiro . Mas tem todo esse dinheiro que tá sendo jogado no auxílio .Por mais que seja para a população se safar da dificuldade, mas .Qual é o valor desse dinheiro total aplicado no auxílio, imagina todo esse dinheiro aplicado pelo menos saúde, na hora que o bixo pega tem dinheiro,mais se não houvesse a pandemia esse dinheiro estaria indo para educação ou para a saúde ?.Então o estado é muito complicado de lidar.
Excelente texto. Como você bem pontuou, “Bolsonaro e seus apoiadores costumam pensar que o problema da educação pública se resume a bater continência, cantar os hinos e adorar a bandeira”.
As soluções que devemos propor vai muito além deste fanatismo militar e devem se basear em perspectivas que atendam a sociedade como um todo e com qualidade!